02/10/2015

Voto na Matéria



Domingo vou votar. Não prescindo. As eleições legislativas são indiscutivelmente uma data de suma importância no calendário daqueles que, como eu, tencionam exercer o direito de voto. Cada voto conta e pode fazer a diferença. Por um voto se ganha, por um voto se perde.

Já outros reagirão com um encolher de ombros. Desiludidos com a classe política, desmotivados pela atual situação económica e social, não há personagem carismática ou cor política que os convença a ir depositar o voto à boca das urnas. "São todos iguais!" diz o povo.

Independentemente da sua posição face à vida política, esteja bem consciente do que significa alhear-se do ato eleitoral.

Significa abdicar de um direito ainda hoje negado a milhões de pessoas em vários países.

Significa que é pouco provável que os seus motivos pessoais de 
descontentamento se alterem, pelo simples facto de que nada fez para isso.

Significa que, contanto que haja casa, emprego e a conta bancária garantidos, pouco importa quem governa.

Significa o risco de entregar o rumo do país, e da sua própria vida, em mãos menos sérias ou competentes para essa tarefa.

Significa indiferença e passividade.

Significa que não se importa que sejam os outros a decidir por si em questões fundamentais. Então, talvez não se importe que eu entre em sua casa, lhe diga como deve gerir o seu orçamento, altere a disposição da mobília e estabeleça novos horários para si e toda a sua família, certo?

Não é todos os dias que o cidadão anónimo tem oportunidade de fazer ouvir a sua voz e de intervir ao nível das esferas de decisão da sociedade. "Que diferença faz um voto a mais ou a menos?". Respondo com outra pergunta: e se todos pensarem dessa maneira?

A abstenção é como um barco à deriva e sem timoneiro, levado pelas ondas e vento. Quando bater com o nariz na porta, lembrar-se-á disso.

Resigne-se. Isso, vá! Desista! Deixe-se estar no sofá. Coce a barriga. Vá antes à praia. E depois, não se esqueça de amaldiçoar os políticos, de reclamar e dizer que só querem poleiro, quando você nem por uns minutos foi capaz de deixar o seu para exercer o voto.

Carlos Pinto Leite