Domingo vou votar. Não prescindo. As eleições legislativas são
indiscutivelmente uma data de suma importância no calendário daqueles que, como
eu, tencionam exercer o direito de voto. Cada voto
conta e pode fazer a diferença. Por um voto se ganha, por um voto se perde.
Já outros reagirão com um
encolher de ombros. Desiludidos com a classe política, desmotivados pela atual
situação económica e social, não há personagem carismática ou cor política que
os convença a ir depositar o voto à boca das urnas. "São todos
iguais!" diz o povo.
Independentemente da sua posição
face à vida política, esteja bem consciente do que significa alhear-se do ato
eleitoral.
Significa abdicar de um direito
ainda hoje negado a milhões de pessoas em vários países.
Significa que é pouco provável
que os seus motivos pessoais de
descontentamento se alterem, pelo simples facto
de que nada fez para isso.
Significa que, contanto que haja casa,
emprego e a conta bancária garantidos, pouco importa quem governa.
Significa o risco de entregar o rumo
do país, e da sua própria vida, em mãos menos sérias ou competentes para essa
tarefa.
Significa indiferença e
passividade.
Significa que não se importa que
sejam os outros a decidir por si em questões fundamentais. Então, talvez não se
importe que eu entre em sua casa, lhe diga como deve gerir o seu orçamento,
altere a disposição da mobília e estabeleça novos horários para si e toda a sua
família, certo?
Não é todos os dias que o cidadão
anónimo tem oportunidade de fazer ouvir a sua voz e de intervir ao nível das
esferas de decisão da sociedade. "Que diferença faz um voto a mais ou a
menos?". Respondo com outra pergunta: e se todos pensarem dessa maneira?
A abstenção é como um barco à
deriva e sem timoneiro, levado pelas ondas e vento. Quando bater com o nariz na
porta, lembrar-se-á disso.
Resigne-se. Isso, vá! Desista!
Deixe-se estar no sofá. Coce a barriga. Vá antes à praia. E depois, não se
esqueça de amaldiçoar os políticos, de reclamar e dizer que só querem poleiro, quando
você nem por uns minutos foi capaz de deixar o seu para exercer o voto.
Carlos Pinto Leite