29/08/2013

ISTO NÃO É CINEMA



A enfâse dos meios de comunicação social numa iminente intervenção militar na Síria, parece transmitir-nos aquela adrenalinazinha que sentimos no cinema quando os “bons” (neste caso, os EUA, Reino Unido e França) estão prestes a dar uma valente carga de porrada nos “maus” (ou seja, o líder sírio Bashar El Assad). No cinema, estamos sempre desejosos que assim aconteça para descarregar a adrenalina acumulada e gozar o espetáculo dos efeitos especiais. E colocamo-nos na pele dos bons para desancar nos maus!


Será esta a atitude interior de muitos de nós neste momento… quase sem darmos por isso? Como se fôssemos espectadores de um emocionante, mas inconsequente, filme de ação? Como consumidores ávidos de emoções fortes, aguardando morbidamente as cenas dos próximos e excitantes capítulos da tragédia que se abateu sobre o povo sírio? Ou procuramos uma forma de entretenimento que nos sacuda da rotina e nos dê tema de conversa? A verificar-se uma intervenção militar na Síria, não tenhamos dúvidas que será paga com o sangue de homens.

O filme que milhões de civis sírios, metade dos quais crianças, estão a viver neste momento é tudo menos espetacular. É feio, cruel, sangrento e deixará marcas para toda a vida nos que sobreviverem. Este é o filme real. Permita-se a si próprio sentir uma ínfima fração do frio e tristeza patentes no rosto de algumas personagens verdadeiras deste drama. Deixe-se inspirar pela coragem de outras. E pense como pode ajudar. Isto é comigo e é consigo. Isto não é cinema…